Felizmente, não sou o único a achar que Imperatriz está, de fato,
precisando de um administrador!... Sábado, 23 de março de 2013, no
início da noite, encontrei-me, por um acaso, nos corredores de uma loja
aqui mesmo localizada, com um dos mais cultos, viajados e respeitados –
seja como uma pessoa ilibada que é, ou profissionalmente, – cidadão de
nossa urbe, o qual, após um bom papo sobre a conjuntura política
brasileira, sapecou:
– O prefeito que aí está é um Salvador Rodrigues, ‘melhorado’!
Foi uma surpresa ouvir tal afirmação. Não por discordar dela, afinal,
venho dizendo que a atual administração é muito ruim, já há um bom
tempo. Mas, porque não esperava que, discreto como é aquele cidadão,
chegasse a revelar o que, de fato, pensa. A surpresa fez-me pedir-lhe
que justificasse sua opinião, enumerando alguns fatos que considerasse
escabrosos. Afinal, sempre o considerei um dos cidadãos mais discreto,
decente e educado que há em Imperatriz, e, não esperava ouvir dele, tão
absoluta e veemente verdade.
Sua serena explanação deixou-me
esperançoso de que esteja começando a brotar nas consciências lúcidas de
nossa gente, uma visão crítica mais aguçada sobre a nossa realidade
político-administrativa. Logo, imaginei cada vez mais gente começando a
se libertar do véu encardido e malcheiroso que impede a percepção – seja
através do intelecto, da visão, ou por via olfativa – da putrefata
imundície que conspurca a classe política brasileira, e passando também a
compreender a dimensão do malefício que essa categoria de saqueadores
está causando ao povo brasileiro.
A essa altura, mais dois
conhecidos haviam se integrado à nossa conversa e, um deles protestou
contra a comparação, alegando que o Salvador Rodrigues, até mesmo por
sua condição de pessoa simples que ascendeu ao cargo de prefeito de
Imperatriz, não cometeria o desatino de autorizar uma construção em cima
de uma AVENIDA, nem tão pouco aceitaria que essa construção, avaliada
em cerca de cem milhões de reais, fosse averbada em cartório POR MEIO
POR CENTO DE SEU CUSTO (...).
Retomando a palavra, disse-me, incisivamente, o meu caríssimo interlocutor:
– Francimar, assisti as suas entrevistas, li o seu folder... E quero
comprar o seu último livro!... Mas, asseguro-lhe que existem muito mais
coisas horríveis na atual administração de Imperatriz, muito embora,
furtar ou autorizar a ocupação das vias públicas, seja de fato, uma
assombrosa estupidez!...
Em seguida, de forma catedrática e
demonstrando conhecimento de causa, começou a desfiar malfeitorias de
nossa mesquinha e incompetente administração municipal:
– A
primeira, a construção do shopping, que tomou três ruas, e, que a
princípio não foi autorizada, porém!... (...); a segunda, aquela
edificação que está sendo feita na Avenida Getúlio Vargas, esquina com a
Rua Rio Grande do Norte, invadiu o passeio público, foi embargada e, um
secretário municipal a visitava todo dia, durante o embargo.
Certamente, pós os acertos conciliatórios, a obra continuou; mesmo
irregular. (cadê os vereadores?!...); a terceira; a quarta; a quinta; a
sexta; a sétima; a oitava; a nona, a décima!...
Após um minucioso relato, recomendou-me, com ar professoral:
– Amigo, Francimar, vá ao cartório tal, requeira uma certidão de
averbação do imóvel onde funciona o Shopping Imperial. Somente com ela
em mãos, você pode, de fato, avaliar a dimensão da burrice, da loucura e
da irresponsabilidade cometida por quem está à frente da administração
pública municipal em Imperatriz!...
A essa altura, outro dos presentes interveio:
– Está explicado, então, porque esse prefeito tinha de buscar guarida sob o manto protetor do Sarneysmo!...
Lembrei-me, então, do que havia afirmado e se tornado manchete no mundo
inteiro, poucos dias antes, um dos mais ricos e respeitados empresário
brasileiro – Jorge Gerdau:
– O Brasil atingiu o limite em burrice, loucura e irresponsabilidade!...
Finalmente, disse-me o meu interlocutor:
– Bem, se você quiser, a gente pode se encontrar em outro momento para
conversar mais, agora, eu tenho de levar os ingredientes para o
jantar!...
Despedimo-nos, então, com ele reclamando, mais
uma vez, por eu nunca tê-lo acompanhado em um de seus giros por esse
mundão de nosso Deus... Como sempre, mais uma promessa: – quem sabe no
próximo..., Doutor!...
– Abraços!...
Saí daquele
encontro, profícuo e confortador, em absoluta paz comigo mesmo, afinal,
sendo aquele ilustre cidadão considerado, por todos que o conhecem, como
um dos mais cultos, honrados e decentes imperatrizense, sua
manifestação franca e serena, não somente legitima o que venho dizendo
nos últimos anos, como dar às minhas opiniões um caráter muito mais
expressivo e, francamente, incontestável.
Ao constatar que
não estou sozinho nesse universo, onde a maioria dos que conhecem os
malfeitos silencia em nome da conveniência, procurei, então, guardar no
mais recôndito escaninho da memória, para a minha íntima e perene
satisfação – não por Imperatriz está sendo desgraçadamente
mal-administrado, é lógico! –, aquela frase marcada de pureza d’alma e a
idéia, brotada de uma consciência lúcida e imortalizada pela aptidão
regeneradora do poder da verdade: “É um Salvador Rodrigues,
‘melhorado’!...”.
Francimar Moreira