Sérgio Andrade da Silva corre risco de ficar cego do olho esquerdo.
Polícia e governo ainda não entraram em contato com a vítima.
Abalado psicologicamente e correndo grande risco de não recuperar 100%
da visão do olho esquerdo, atingido no confronto da última quinta-feira
(13) entre a Tropa de Choque da Polícia Militar e manifestantes contra o
aumento da passagem, Sérgio Andrade da Silva promete continuar na
profissão de repórter fotográfico: “se eu tiver condições fisicamente,
não vou desistir. A fotografia, os fatos, a notícia são minhas paixões.
Eu vou continuar com certeza, tenho fé”.
Isso, no entanto, não aplaca sua tristeza. “Meu sentimento hoje posso dizer que é de revolta. Mas se não tivesse acontecido isso comigo, também estaria sentido o que a maioria da imprensa está sentido, que é esse repúdio ao que a Polícia Militar e o governo estão fazendo contra a imprensa, de não deixar ter acesso, não deixar as pessoas trabalharem. Na manifestação vi muito fotógrafo e câmera man ser chutado, empurrado. Eu senti um certo ódio da policia pela imprensa”, reflete Silva.
A foto feita segundos antes de ser atingido está guardada, e não foi publicada. O fotógrafo e a esposa, a jornalista Kátia Passos, ainda não decidiram se vão processar a polícia e o estado. Caso o façam, a imagem será usada num possível processo criminal.
Polícia e governo "ignoram" vítima
Com 31 anos de idade – três deles de profissão –, Silva já havia participado de outros protestos e manifestações, mas nenhum tão violento. “Procuro sempre cobrir manifestações e acompanho o MPL desde 2011. Sempre notei um comportamento adequado da polícia, que fazia o seu papel de acompanhar a manifestação e deixar que as pessoas se expressassem. O evento de quinta foi o primeiro que vi tanta repressão policial”, analisa Silva, que faz sua leitura do que motivou o combate no último dia 13. “As pessoas que provem a baderna com certeza não são do movimento. São pessoas que estão ali para apoiar a manifestação, mas acabam extrapolando. Imagino que a coisa tenha sido assim (violenta) porque os policiais já estavam revoltados com o vandalismo das manifestações anteriores, em que alguns apanharam e ficaram quietos”.
Silva deixou neste sábado (15) o Hospital de Olhos Paulista (H.Olhos) com mais chances de recuperar a visão do olho esquerdo. Na tarde da última sexta-feira (14), foi submetido a uma cirurgia e segundo prognóstico dos médicos havia “certeza” de que o fotógrafo não teria a visão restaurada completamente. Após exames neste sábado, em que o fotógrafo voltou a enxergar feixes de luz, “provavelmente” (não terá a visão recobrada integralmente) passou a ser o termo usado pelos médicos, indicando que há chances, ainda que pequenas, de Silva voltar a enxergar pelo olho atingido. Ele também sofreu uma fratura no osso a redor do olho, onde futuramente será realizada uma plástica.
Fotógrafo Sérgio Andrade da Silva aponta para olho
que pode perder a visão (Foto: Rodrigo Mora / G1)
Silva conta que não viu quem atirou nele, embora tenha visto de onde
vinham os disparos. “Eu apontei a câmera e fotografei, porque sabia de
onde saíam os tiros. Mas não posso afirmar que o policial mirou e atirou
em mim. Com certeza ele não fez isso porque tinha muita gente do meu
lado e eu estava a uns 300 metros deles. Não daria pra mirar no meu olho
e atirar”, explica.que pode perder a visão (Foto: Rodrigo Mora / G1)
Isso, no entanto, não aplaca sua tristeza. “Meu sentimento hoje posso dizer que é de revolta. Mas se não tivesse acontecido isso comigo, também estaria sentido o que a maioria da imprensa está sentido, que é esse repúdio ao que a Polícia Militar e o governo estão fazendo contra a imprensa, de não deixar ter acesso, não deixar as pessoas trabalharem. Na manifestação vi muito fotógrafo e câmera man ser chutado, empurrado. Eu senti um certo ódio da policia pela imprensa”, reflete Silva.
A foto feita segundos antes de ser atingido está guardada, e não foi publicada. O fotógrafo e a esposa, a jornalista Kátia Passos, ainda não decidiram se vão processar a polícia e o estado. Caso o façam, a imagem será usada num possível processo criminal.
Polícia e governo "ignoram" vítima
Com 31 anos de idade – três deles de profissão –, Silva já havia participado de outros protestos e manifestações, mas nenhum tão violento. “Procuro sempre cobrir manifestações e acompanho o MPL desde 2011. Sempre notei um comportamento adequado da polícia, que fazia o seu papel de acompanhar a manifestação e deixar que as pessoas se expressassem. O evento de quinta foi o primeiro que vi tanta repressão policial”, analisa Silva, que faz sua leitura do que motivou o combate no último dia 13. “As pessoas que provem a baderna com certeza não são do movimento. São pessoas que estão ali para apoiar a manifestação, mas acabam extrapolando. Imagino que a coisa tenha sido assim (violenta) porque os policiais já estavam revoltados com o vandalismo das manifestações anteriores, em que alguns apanharam e ficaram quietos”.
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Na manifestação da última quinta-feira, Silva prestava serviço para a
agência Futura Press, que se mostrou solidária ao profissional. “Dois
representantes da Futura chegaram ao hospital já na madrugada de sexta e
se ofereceram para nos ajudar no que fosse preciso, pessoalmente ou
juridicamente”. A mesma atenção, no entanto, não foi prestada por
agrediu o fotógrafo. “Ninguém da polícia ou do governo veio falar
comigo. O [Fernando] Grella (secretário de Segurança Pública de São
Paulo) foi à TV dizer que ia apurar os fatos mais graves. Esperava que
ao menos viessem saber minha opinião, saber como eu estou. Estou muito
chateado com isso”, lamenta.Silva deixou neste sábado (15) o Hospital de Olhos Paulista (H.Olhos) com mais chances de recuperar a visão do olho esquerdo. Na tarde da última sexta-feira (14), foi submetido a uma cirurgia e segundo prognóstico dos médicos havia “certeza” de que o fotógrafo não teria a visão restaurada completamente. Após exames neste sábado, em que o fotógrafo voltou a enxergar feixes de luz, “provavelmente” (não terá a visão recobrada integralmente) passou a ser o termo usado pelos médicos, indicando que há chances, ainda que pequenas, de Silva voltar a enxergar pelo olho atingido. Ele também sofreu uma fratura no osso a redor do olho, onde futuramente será realizada uma plástica.
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