sábado, 15 de junho de 2013

Alckmin cita 'rastro de destruição' e diz que abusos serão apurados

Manifestação contra tarifas terminou em confronto na quinta-feira (13).
'Atuação da polícia foi correta', disse secretário da Segurança Pública.


O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse nesta sexta-feira (14) que eventuais abusos cometidos pela Polícia Militar (PM) durante o protesto da noite desta quinta-feira (13), na região da Avenida Paulista, serão apurados pela Corregedoria da corporação. Ele citou ainda o "rastro de destruição" deixado pelos manifestantes no último ato contra o aumento das tarifas do transporte público na capital, que terminou em confronto e mais de 200 detidos.
"Nós não temos nenhum compromisso com o erro. A polícia tem uma Corregedoria e qualquer abuso que tenha sido cometido será apurado de forma rigorosa", disse, ao ser questionado sobre um suposto exagero na ação policial. Ao falar sobre o comportamento dos manifestantes, Alckmin ressaltou atos de vandalismo. "O que nós vimos foi um ato de violência, de vandalismo, deixando um verdadeiro rastro de destruição.”
Em entrevista ao SPTV, o governador falou sobre os deveres da PM. "A polícia tem o dever de preservar a população, o direito de ir e vir. Nós sempre estamos abertos ao diálogo, ao entendimento, mas não é possível permitir atos de vandalismo", disse.
O governador disse que o Movimento Passe Livre é um movimento político e violento. Alckmin também defendeu a atuação da corporação durante o protesto, "Nós temos manifestações frequentemente, isso é normal, não há nenhum problema em ter manifestação seja ela do que tipo for. A polícia até acompanha as manifestações para proteger inclusive os manifestantes. A polícia trabalha dia e noite para proteger a população, garantir a segurança", afirmou.
Também em entrevista nesta sexta, o secretário de Segurança Pública, Fernando Grella, defendeu a ação da PM no protesto. "A atuação da polícia foi correta e nós temos o compromisso de esclarecer todos os casos de abuso", afirmou.
O coronel da PM Reinaldo Simões Rossi, responsável pela ação e policiamento do Centro, disse que a postura da corporação foi identificar pontos sensíveis da cidade, onde havia risco ao patrimônio público ou privado. Segundo ele, os manifestantes descumpriram um acordo prévio e quiseram alterar o trajeto do protesto. "Em razão de descumprimento, em razão de um lapso temporal e de uma liderança mais enfática no grupo, parte dessas pessoas começaram a jogar objetos nos policiais", disse.
O comandante da PM, Benedito Meira, explicou que a Tropa de Choque só entrou em ação na noite desta quinta-feira porque os policiais foram agredidos. Ele disse ainda que a tropa estará presente se houver necessidade nas próximas manifestações.
Manifestantes ateiam fogo em lixo pelas ruas durante confronto com a polícia. (Foto: Filipe Araújo/Estadão Conteúdo) 
Manifestantes ateiam fogo em lixo pelas ruas durante
confronto (Foto: Filipe Araújo/Estadão Conteúdo)
'Não ficou bem para a polícia'
Mais cedo, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), também havia comentado a manifestação e disse que, pelas imagens veiculadas pela imprensa e pelos relatos que ouviu, os policiais deixaram de “observar os protocolos”.
“A polícia segue protocolos. Quando o protocolo é obedecido, as coisas caminham bem. No dia de ontem, segundo as imagens e os relatos, parece que esses protocolos não foram observados, razão pela qual a Secretaria da Segurança determinou a investigação”, afirmou Haddad em entrevista à GloboNews. “Evidentemente que estamos todos impactados com as imagens do dia de ontem”, disse também o prefeito.
Ele também disse que "não ficou bem para a polícia". "Eu penso que tem havido excessos. Na terça-feira, infelizmente tivemos 80 ônibus depredados, policiais que foram agredidos. Ontem também não ficou bem para a polícia, o secretário [Fernando] Grella abriu um inquérito para investigar os eventuais abusos. Isso não é uma questão da corporação, mas há indivíduos que precisam ser investigados em sua conduta."
Tropa de choque teve que se posicionar para enfrentar os manifestantes, mas não precisou entrar em ação (Foto: Reprodução/TV Tem) 
Choque teve que se posicionar para enfrentar
manifestantes, mas não precisou entrar em ação
(Foto: Reprodução/TV Tem)
Protesto
A manifestação de quinta-feira começou por volta das 17h em frente ao Theatro Municipal, no Centro de São Paulo. Enquanto lojistas fechavam as portas para evitar depredação, a Polícia Militar prendia dezenas para averiguação.
Segundo a PM, foram apreendidos coquetéis molotov, facas e maconha. De acordo com a delegada Vitória Lobo Guimarães, até o início da madrugada, 198 pessoas haviam sido detidas e encaminhadas ao 78º DP, nos Jardins. Todos foram liberados. Quatro vão responder termo circunstanciado; três deles por porte de entorpecentes e um por resistência à prisão. Outras cinco pessoas foram levadas para o 1º DP.
O ato ocupou a Rua Xavier de Toledo, o Viaduto do Chá e seguiu pela Avenida Ipiranga. Ao menos duas pessoas foram presas na esquina das avenidas Ipiranga e São Luís por causa da depredação e pichação de um ônibus. Os manifestantes, cerca de 5 mil segundo a PM, usavam máscaras e narizes de palhaço. “Não aguentamos mais sermos explorados”, dizia uma das faixas.
A Cavalaria da PM uniu-se ao Choque na Rua Maria Antônia, onde começaram os confrontos. A Universidade Mackenzie, que fica na esquina, fechou as portas.
Segundo o major da PM Lídio, o acordo era para que os manifestantes não subissem em direção à avenida Paulista, o que não foi cumprido. “Se não é para cumprir acordo, aguentem os resultados”, disse.

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